O espetáculo, que integra a programação do 14º Festival Sesc Palco Giratório, foi montado a partir do Projeto Transit, do Goethe Institut POA

No novo espetáculo da ATO Cia.Cênica, Expresso Paraíso, um trem europeu desgovernado em um mundo congelado, em contraste com um incêndio em uma fábrica serve de metáfora para falar sobre a falência do projeto moderno humano e questionar a idealização de um estilo de vida europeu impossível de ser sustentado. O espetáculo, produzido a partir do Projeto Transit, do Goethe Institut POA, estreia no dia 21 de maio, às 20h, dentro da programação do 14º Festival SESC Palco Giratório.

Fotografia: Adriana Marchiori

O texto do autor austríaco Thomas Köck, Paradies Spielen, propõe o choque entre dois universos: o de trabalhadores chineses que buscam melhores condições de vida na Itália, e um trem desgovernado, com passageiros europeus, que não para em nenhuma estação e corre em direção ao choque contra um muro. O cruzamento desses dois mundos coloca em cheque uma relação de interdependência entre aqueles que usufruem de um suposto paraíso, e aqueles marginalizados, que são explorados para que esse paraíso exista para alguns.

Fotografia: Adriana Marchiori

A montagem dirigida por Mauricio Casiraghi, que reúne no elenco Arlete Cunha, Danuta Zaghetto, Marcelo Mertins, Mariana Rosa, Mirna Spritzer, Paulo Roberto Farias e Rossendo Rodrigues, se utiliza da imagem do trem para falar sobre o capitalismo desenfreado e a noção de que o paraíso, ou seja, o estilo de vida representado no ideal ocidental europeu, está fora de controle e em decadência. Já o universo desses chineses suscita a reflexão sobre aqueles que sustentam esse paraíso, mas são impedidos de viver nele. O texto ainda propõe extremos climáticos: enquanto o trem de europeus vaga em um mundo congelado, os chineses encaram um incêndio na fábrica onde trabalham. Em Expresso Paraíso, o gelo em contraponto com o fogo é trabalhado a partir da perspectiva das polarizações e desigualdades do mundo moderno.

A encenação do espetáculo visa a aproximação do público brasileiro com texto, a fim de torná-lo acessível. Diferentes linguagens cênicas são utilizadas para dar vida a cada um dos núcleos levantados pelo autor. Os europeus são representados de uma forma estereotipada, investindo na construção de tipos e no humor como centro da cena. Já o núcleo de chineses é trabalhado em caráter épico, flertando com o distanciamento, a fim de provocar ruídos na compreensão da situação da migração e do trabalho escravo. A terceira camada de representação do trabalho adentra o mundo da poesia e busca tecer a trama por um viés sensorial. De forma imagética e valorizando o poder da palavra, estes momentos são apresentados para desdobrar temas que orbitam os núcleos centrais da peça, como a natureza do homem e o avanço tecnológico.

Expresso Paraíso será apresentado dentro do 14º Festival SESC Palco Giratório nos dias 21 e 22 de maio, às 20h, no Goethe Institut, e depois segue temporada no mesmo local, entre os dias 24 de maio e 9 de junho, todas as sextas, sábados e domingos, sempre às 20h. Os ingressos antecipados já estão à venda.

Também será realizado um debate sobre o Projeto Transit no dia 21 de maio, logo após a apresentação do espetáculo. A mesa terá a participação dos dois encenadores selecionados no projeto, João de Ricardo (Cia. Espaço em Branco) e Maurício Casiraghi (Ato Cia. Cênica), do autor do texto, Thomas Köck, e dos editores do Agora Crítica Teatral, Michele Rolim e Renato Mendonça, que realizam a crítica interna de ambos os grupos. O jornalista e crítico Valmir Santos (SP) será o mediador do diálogo com o público. A ideia é conversar sobre as diferentes encenações e sobre as relações artísticas entre Brasil e Alemanha.

Projeto Transit

Iniciativa do Goethe-Institut Porto Alegre, o projeto TRANSIT busca estabelecer trocas entre continentes, estéticas, linguagens e interpretações, além de colaborar para a ampliação e qualificação do campo crítico para as artes cênicas de Porto Alegre. A cada ano é escolhido um texto da dramaturgia contemporânea alemã, que é então encenado por dois diretores brasileiros diferentes, selecionados a partir de um edital.

A estreia do projeto ocorreu em 2017, com o texto “As Trevas Risíveis” (Die Lächerliche Finsternis, 2015), do alemão Wolfram Lotz. Camilo de Lélis e Alexandre Dill foram selecionados para encenar o texto. A montagem As Trevas Ridículas, de Alexandre Dill, e Nas Sombras do Coração, de Camilo de Lélis estrearam no 12º Festival Palco Giratório Sesc e depois tiveram temporadas no Teatro do Goethe-Institut.

Em 2018, foram selecionados por edital os projetos de Patrícia Fagundes e Lucca Simas para encenarem o texto “Tremor” (Beben), da jovem dramaturga alemã Maria Milisavljevic.

ATO Cia.Cênica

A ATO Cia.Cênica nasceu no ano de 2011 em Porto Alegre com a premiada montagem do texto O Feio, do dramaturgo alemão Marius Von Mayenburg. Os ainda estudantes de teatro da UFRGS encontraram na experiência criativa o impulso para a formação da companhia. Atualmente a ATO tem em seu repertório os espetáculos: O Feio, com direção de Mirah Laline, vencedor do Prêmio Açorianos 2012 de Melhor Espetáculo e Ator Coadjuvante (Paulo Roberto Farias) e o Prêmio Myrian Muniz 2013 de circulação da FUNARTE; #7xBeckett, com direção de Maurício Casiraghi; Língua Mãe. Mameloschn, de Sasha Marianna Salzmann, dirigido por Mirah Laline, vencedor do Prêmio Açorianos 2015 de Melhor Espetáculo e do 10°Prêmio Braskem de Melhor Atriz (Mirna Spritzer), O Casal Palavrakis, texto de Angélica Liddell, vencedor do Prêmio Açorianos 2016 de Melhor Direção (Maurício Casiraghi); Pátria Estrangeira/Freimde Heimat, um projeto teatral entre Brasil – Alemanha realizado por Jürgen Berger, Mirah Laline com co-produção entre ATO cia.cênica, Primeira Fila Produções e Badisches Staatstheater Karlsruhe, Financiado pelo Kulturstiftung des Bundes em parceria com Goethe Institut Porto Alegre, ganhador do Prêmio Açorianos de Teatro 2018 na categoria Melhor Produção.

Além da montagem de Expresso Paraíso, atualmente o grupo realiza uma ocupação no espaço da Cia/Estúdio Stravaganza, que completou 30 anos em 2018. Desde outubro de 2018, especialmente através do projeto Quartas Dramáticas, a ATO promove uma iniciativa conjunta entre coletivos de artistas apresentando periodicamente leituras semi-encenadas de textos contemporâneos com experimentações cênicas.

Serviço

O que: espetáculo “Expresso Paraíso”

Quando: 21 e 22 de maio, às 20h

Temporada: de 24/5 a 9/6, sextas, sábados e domingos, sempre às 20h

Onde: Goethe Institut (Rua 24 de Outubro, 112)

Quanto: R$ 40 e R$ 20 (estudantes, idosos, estudantes do Goethe Institut e classe artística). A bilheteria abre uma hora antes do espetáculo

Antecipados: R$ 30 e R$ 15 (estudantes, idosos, estudantes do Goethe Institut e classe artística), por meio do site https://www.sympla.com.br/expresso-paraiso__508902

Recomendação etária: livre

Duração: 90 minutos

Sinopse

Com dramaturgia do austríaco Thomas Köck, Expresso Paraíso (paradies spielen) abordará a exaustão da modernidade ocidental representada por cinco viajantes europeus em um misterioso trem desgovernado. Ao mesmo tempo, um casal de imigrantes chineses, cheios de esperança, viajam para a Europa em busca do paraíso. Um filho ao lado do leito de seu pai moribundo, que sofreu queimaduras graves. O coração ainda bate, mas vale a pena lutar? Qual é o preço que se paga pelo paraíso?

Ficha técnica

Dramaturgia: Thomas Köck

Tradução: Christine Rohrig

Direção: Mauricio Casiraghi

Realização: ATO cia.cênica, Goethe Institut e Sesc-RS.

Elenco: Arlete Cunha, Danuta Zaghetto, Marcelo Mertins, Mariana Rosa, Mirna Spritzer, Paulo Roberto Farias e Rossendo Rodrigues

Atriz substituta: Iassanã Martins

Produção: André Varela, Danuta Zaghetto, Louise Pierosan e Maurício Casiraghi.

Iluminação: Luciana Tondo

Cenografia: Rodrigo Shalako

Trilha sonora: Caio Amon

Operação de som e vídeo: Manu Goulart

Figurino: Déh Dullius

Criação de objetos cênicos: Paulo Martins Fontes

Crítica interna: Michele Rolim

Assessoria de imprensa: Louise Pierosan

Projeto gráfico: André Varela

Hair Stylist: Jonathas Diniz

Redes Sociais: Maí Yandara de Souza CarvalhoApoio: Cia/Estúdio Stravaganza, Viação Ouro e Prata, Cubo, Paragolé Bar e Restaurante, Guardachuvaria Contornos, TVE e FM Cultura