Fotografia: Ramon Brant

SINOPSE:

Eu continuo sendo eu se me vejo como outro? “O Feio” é uma ousada comédia do dramaturgo alemão Marius Von Mayenburg. A obra se propõe a refletir sobre o culto à beleza e a autenticidade na sociedade de consumo. Privado do sucesso profissional por ser feio, Lette encontra na cirurgia plástica a solução para ascender socialmente. Uma sequência de fatos, porém, o deixa perdido em indagações acerca de sua própria identidade.

Ficha técnica:

Direção: Mirah Laline

Elenco: Danuta Zaghetto, Marcelo Mertins, Paulo Roberto Farias e Rossendo Rodrigues.

Figurinos: Marina Kerber

Iluminação: Lucca Simas e Luciana Tondo

Operação de luz: Luciana Tondo

Cenografia: O grupo

Vídeos: João de Queiróz e Maurício Casiraghi

Operação de vídeos: Maurício Casiraghi

Trilha sonora pesquisada: Mirah Laline

Operação de som: Manu Goulart

Classificação etária: 16 anos

Duração: 1h15min

Fotografia: Ramon Brant

Histórico do Espetáculo

A ATO Cia. Cênica foi instituída em Porto Alegre – RS, no ano de 2011, logo que um grupo de estudantes do Departamento de Arte Dramática da UFRGS, reuniu-se para montar o texto O Feio do dramaturgo alemão Marius Von Mayenburg na disciplina Atelier I de Montagem Cênica com orientação de Patrícia Fagundes e Luciane Olendski e com continuidade no Estágio I com orientação de Patrícia Fagundes. A ousadia de trabalhar um texto ainda sem tradução do alemão e de apresentá-lo in process chamou atenção ao potencial criativo destes artistas, os quais, rapidamente, ganharam espaço no meio teatral universitário e seguiram firmando-se, para além dele, no circuito profissional do Rio Grande do Sul. No primeiro semestre de 2012 a ATO Cia. Cênica firmou parceria com o Instituto Goethe de Porto Alegre, que intermediou a liberação dos direitos autorais e acesso à tradução oficial da obra O Feio, assim como, apoiou a temporada de estreia do espetáculo no circuito profissional da cidade. No mesmo semestre, participou com O Feio do Projeto Descentralização, no 19º Porto Alegre em Cena.

O espetáculo também integrou o projeto Circuito Universitário DAD – SESC, realizando apresentações no interior do Rio Grande do Sul. Em outubro o grupo realizou temporada de três semanas na Sala Álvaro Moreyra, pela Secretaria Municipal de Cultura, consolidando O Feio, já no primeiro ano de temporadas, como um dos espetáculos de melhor recepção de público na cena teatral riograndense e a ATO Cia. Cênica como um grupo promissor de jovens artistas.

A montagem do texto O Feio, do autor Marius Von Mayenburg, parte da investigação de linguagem que se vale do grotesco e da violência como efeitos de estranhamento, na busca da “teatralidade no teatro”. A estas questões somamos um recorte estético permeado por influências da Pop Art, Figuração Narrativa de Peter Klasen e elementos da Performance Art contemporânea, compondo assim um mosaico polifônico teatralizado no espetáculo. A cenografia favorece a rápida transição de espaços (Escritório – Clínica cirúrgica– Quarto) propostos no texto. O espaço cênico é fragmentado e ampliado por elementos multimidiáticos, os quais são recortes de audiovisual.

O palco convencional é divido em linhas feitas com o recurso de Fita Chão amarela. Os objetos mais recorrentes em cena são: duas (02) cadeiras giratórias e uma (01) mesa com rodas. O mecanismo das rodas é essencial para o jogo ágil e frenético das cenas. O figurino se apropria da padronização do vestuário empresarial com quebras de cores que remetem e dialogam com as referências da Pop Art e Figuração Narrativa. A criação do desenho de luz incorpora a delimitação dos espaços de cada cena e a ágil troca entre elas, funciona como um recorte preciso. Nas quebras e inserções “absurdas” – coreografias, transições de cena, estranhamentos através do corpo grotesco, desenho de luz – trabalhamos um jogo dinâmico que referencia o espetáculo/show, porém sem utilização de cores.

A sonoplastia do espetáculo é fundamental para o jogo cênico, funcionando como catalisador de estados e quebras do jogo. A investigação sobre as sonoridades do ambiente cirúrgico e de engenharia mecânica, associados a uma energia frenética, possibilitou o encontro com o rock industrial, estilo musical apropriado para coreografias e quebras grotescas no espetáculo. Também trabalhamos com referências de músicas de Talkshows, salsa, e romance nas abstrações cômicas da encenação.

Fotografia: Ramon Brant

Premiações:

Em 2012, a ATO Cia. Cênica recebeu indicações em nove das doze categorias do Prêmio Açorianos: Melhor Figurino, Melhor Iluminação, Melhor Cenografia, Melhor Trilha Sonora, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Ator, Melhor Direção e Melhor Espetáculo. O Feio sagrou-se vencedor nas categorias de Melhor Espetáculo pelo Júri Oficial e Melhor Ator Coadjuvante ao ator Paulo Roberto Farias, recebeu também o Troféu RBS Cultura de Melhor Espetáculo pelo Júri Popular. A empatia com o público, o entusiasmo da crítica e o sucesso de bilheteria foram imediatos, e vieram consolidar O Feio como espetáculo de destaque na cena teatral gaúcha. Em 2013 a montagem foi contemplada com o Prêmio de Teatro Myriam Muniz, na categoria Circulação. O que permitiu ao espetáculo ser apresentado em quatro estados brasileiros, nas cidades de Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Rio de janeiro (RJ) e São Paulo (SP). Também conquistou os Prêmios da 43ª Edição Fenata nas categorias Melhor Espetáculo, Melhor Ator Coadjuvante (Paulo Roberto Farias), Melhor Direção, Melhor Sonoplastia, Melhor Atriz Coadjuvante (Danuta Zaguetto), Melhor Iluminação (Luciana Tondo). Em 2019, ao participar da 26ª edição do Porto Alegre Em Cena, o espetáculo foi contemplado com o 14º Prêmio Braskem em Cena de Melhor Direção para Mirah Laline.