Vídeo: Tom Peres

Após a temporada de estreia no Brasil e na Alemanha em 2018, o espetáculo Pátria Estrangeira/Fremde Heimat integrou a programação do 20º Porto Verão Alegre e foi vencedor na categoria de Melhor Produção do Prêmio Açorianos de Teatro. A montagem, uma coprodução da ATO cia.cênica, Primeira Fila Produções e Badisches Staatstheater Karlsruhe, teve financiamento do Kulturstiftung des Bundes e apoio do Goethe-Institut Porto Alegre.

Foto: Maí Yandara

Vídeos e músicas – executadas ao vivo e compostas pelo elenco – são elementos muito fortes da concepção, segundo a diretora. Os ensaios iniciaram no dia 16 de julho; parte da equipe alemã chegou a Porto Alegre no dia 23. Ricardo Vivian assina o Desenho de Luz, Rodrigo Shalako o cenário, Mauricio Casiraghi, Video e Projeções e Déh Dullius os figurinos.

Foto: Maí Yandara

A doc-ficção, que conta com a direção de Mirah Laline e textos do autor Jürgen Berger em colaboração com o elenco, aborda temas como imigração a partir de diálogos marcantes entre quatro atores e músicos brasileiros, com descendência alemã, e um jovem ator do Sul do Tirol radicado na Alemanha. No elenco, Camila Falcão, Karin Salz Engel, Martina  Fröhlich, Philipe Philippsen e Thomas Prenn trazem temas como ancestralidade, memória, pertencimento, racismo, xenofobia e questionamentos como: é possível viver duas culturas ao mesmo tempo? Seria Pátria um instrumento do colonialismo? Que paralelos existem nas experiencias de imigrantes do passado com a recente onda de imigração no Brasil e na Alemanha?

Foto: Maí Yandara

O sul do Brasil é conhecido por ser a região que recebeu grande parte dos imigrantes vindos da Alemanha. No século XIX chegaram ao Brasil colonos alemães que pela pobreza e falta de perspectiva econômica se refugiaram na região dos Pampas – as famílias receberam boas vindas com o propósito de colonizar a região e embranquecer a população. A partir de então, diversas ondas de imigração alemã se sucederam, desde os refugiados econômicos da crise de 1920, os perseguidos pelo Nazismo na segunda guerra até os próprios Nazistas que com o fim da guerra se esconderam na região. Em algumas famílias até hoje o dialeto alemão Hunsrückisch é falado. Atualmente, a Alemanha e o Brasil são países de destino da imigração causada pela pobreza ou guerra. A Alemanha já foi um país de partida de imigrantes pobres e refugiados de guerra, porém como lida com isso hoje?


facebook.com/patriaestrangeirafrremdeheimat
| Instagram @fremde.heimat

Foto: Maí Yandara

FICHA TÉCNICA

MIRAH LALINE | Pesquisa e Direção

JÜRGEN BERGER | Pesquisa e Texto*

PHILIPE PHILIPPSEN – CAMILA FALCÃO – MARTINA FRÖHLICH – KARIN SALZ ENGEL – THOMAS PRENN | Elenco

MAURICIO CASIRAGHI | Vídeo e Projeções

DÉH DULLIUS | Figurinista

RODRIGO SHALAKO | Cenógrafo

RICARDO VIVIAN | Iluminação

LUCAS DALA-LANNA | Design Gráfico

JANAINA VIANNA | Assistência de Direção

PASCAL BERTEN | Tradução

JAN LINDERS| Diretor de Dramaturgia do Badisches Staatstheater Karlsruhe

VINICIUS MELLO | Produção Executiva

BRUNA PAULIN | Assessoria de Imprensa

DANIELA MAZZILLI E LETICIA VIEIRA | Coordenação de Produção

PRIMEIRA FILA PRODUÇÕES | Produção Brasil

ATO. Cia cênica | Coprodução Brasil

GOETHE INSTITUT PORTO ALEGRE | Coprodução Brasil

BADISCHES STAATSTHEATER KARLSRUHE | Produção Alemanha

KULTURSTIFTUNG DES BUNDES | Financiamento

* com a colaboração do elenco, direção e equipe criativa

SINOPSE

É possível viver duas culturas ao mesmo tempo? Seria Pátria um instrumento do colonialismo? Cinco atores descendentes de imigrantes alemães resgatam histórias de seus antepassados em busca de confrontar temas como identidade, racismo, pertencimento e xenofobia, gerando paralelos com problemáticas referentes às últimas ondas de imigração no Brasil e na Alemanha.

Os antepassados de Martina Fröhlich estão entre os primeiros emigrantes que, no início do século 19, saíram da atual região da Renânia-Palatinado para o sul do Brasil. A cultura alemã atravessou as gerações em sua família e Martina ainda se vê dividida entre entre duas nações. Camila Falcão resgata a história de sua avó, cujo pai era descendeste de alemães e a mãe de negros escravizados. A avó quando menina foi afastada de sua mãe e obrigada a viver com a mãe alemã de seu pai. Os conflitos de seus tataravós estão presentes até hoje na realidade de Camila. A árvore genealógica de Philipe está toda desenhada, cada nome e cada casamento foi registrado, todos alemães ou europeus, porém sua mãe era chamada de índia quando criança e Philipe busca saber de onde vem a descendência indígena não registrada nos documentos da família. Karin Salz-Engel aprendeu a falar alemão desde a infância com sua avó que no final da segunda Guerra Mundial se refugiou no Brasil com seu marido. O coração de sua avó era dividido entre Porto Alegre e Duisburg. Karin viveu e trabalhou como pianista de concertos na Alemanha e na Suíça, após quatro anos longe de casa, a saudade a fez retornar, porém chegou a um país profundamente dividido social e politicamente. Thomas, vem do sul do Tirol, a briga por fronteiras na história do país fez com ele tenha duas línguas maternas, o italiano e o alemão. Sem sentimento de pátria, mas com um profundo sentido de lar, Thomas busca construir uma vida em Porto Alegre, porém a burocracia ou o dinheiro é que vai definir seu direito de ficar ou não.